Uma vez, quando eu ainda era criança
eu li que os Mutantes, viajavam pelo interior de são Paulo tocando em um
caminhão que lhes serviam de palco, eles simplesmente chegavam nas praças,
pediam licença pra puxar um cabo de energia da rede pública e mandavam bala. Essa atitude
foi uma das coisas que mais me influenciou a montar um conjunto de Rock, e
foi esta mesma atitude que me influenciou a criar o projeto invasão caipira,
porém só agora em 2013, eu consegui fazer com que as pessoas acreditassem na
minha ideia, e finalmente a secretaria de cultura da minha cidade Capanema do
Pará , aprovou uma versão do projeto dirigido a zona rural do meu município, e
assim consegui recursos para concretizar o meu sonho. E digo a vocês com
sinceridade que estas apresentações nas vilas e distritos Capanemenses tem sido
as melhores da minha vida.
E assim seguimos com a segunda
edição do invasão caipira zona rural. Desta vez fomos até a vila de santa Cruz
ou vila dos Farias como é conhecida naquela região. Fica a cerca de uma hora de
carro de Capanema. Desta vez fomos todos no mesmo micro-ônibus. Pois a equipe
do Manoel Hilário (que cuida do som) já tinha ido pela manhã pra vila para
montar toda a estrutura e fazer uma propaganda volante por lá.
Depois de passarmos por Tauari, pela
comunidade do Igarapé Apara, pela vila do Tamatateua e pela vila sorriso, a
estrada virou um caminho no meio do mato, Flavio guitarrista da Octoplugs olhou
pra mim e perguntou: mas tem gente lá?
Tem sim, e quase toda a
comunidade compareceu a quadra de esportes de Santa Cruz para ouvir um pouco da
discotecagem do DJ. Abajur e as apresentações do Psicotheremin e da Octoplugs.
Crianças se amontoaram na frente
e por trás do palco improvisado em uma extremidade da quadra, senhoras com
cadeiras de praia, famílias, bebês, garotas, garotos, velhinhos e todo tipo de
gente, tudo como eu sonhava Rock como arte popular pra todo mundo.
Desde a primeira vez que me
apresentei com uma banda, sempre toquei pra pessoas vestidas com camisetas
pretas de bandas, parecia que era sempre o mesmo público, e com o passar dos anos
até este público sumiu dos eventos que eu idealizava, pois eu já não tocava o
que eles queriam ouvir. Passou algum tempo pra eu perceber que eu estava
oferecendo as minhas ideias pras pessoas erradas. Pois eu sou e sempre fui um
artista popular e é o povo que me entende melhor, principalmente o povo do
interior.
Agradeço de coração ao secretario
de cultura Antônio Barata, por ter comprado a minha ideia, a Silvanea que
intermediou e nos ajudou com as negociações e a Walmeire por sempre apoiar o
meu grupo e por ter me convidado a dirigir o espetáculo popular “O Boi Estrele
de São Jorge” onde tive as primeiras experiências como artista popular.
PSICOTHEREMIN
OCTOPLUGS